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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Gilbert Legrand, extraindo arte do cotidiano

As esculturas de Gilbert Legrand são aquele tipo de arte difícil de se explicar ou definir. Apesar de extremamente simples em sua execução, é na criatividade que o artista se apóia para criar esculturas nos objetos do cotidiano.  Sua arte tem clara influência da ilustração e dos desenhos animados, não que isto seja demérito, muito pelo contrário, criou uma obra simpática, jovial e bem humorada.
Esta criatividade que sobra em Legrand muitas vezes nos falta, não conseguimos ver as boas idéias até que alguém as tenha,e então ficamos surpresos: Como é que eu não pensei nisto antes?
Pouco á pouco vamos perdendo a imaginação. Já não vemos mais formas nas nuvens, já não vemos nem as nuvens, sempre cabisbaixos e apressados. Toda a nossa força criativa acaba sendo sugada pelo cotidiano opressivo.




Quem fomentou a discussão deste tema no âmbito acadêmico foi Vânia Vieira(guardem este nome), que com sua pesquisa trouxe estas questões á tona, ao inverter os papéis entre forma e significado, trazendo as nuvens ao chão, e alçando as formas para o ar, de modo que o espectador se confrontasse com as suas próprias associações. A percepção que Vânia tem sobre o processo da perda da imaginação é emblemática:
"Temos a necessidade de relacionar, conhecer, dominar. Esses conceitos são necessários e inerentes à condição humana. Em contrapartida quanto maior o refinamento dessas relações, maior é a distancia entre as elas e aquelas mais puras, inocentes, desprovidas de um significado mais primário e, consequentemente mais sintético e objetivo.  Nossas relações são tão aprimoradas que, muitas vezes, deixamos passar o óbvio. Quando buscamos explicações mais complexas, deixamos de ver e de perceber o básico, o essencial."


Legrand não deixou o de perceber o óbvio, e, como o ovo de Colombo, nós só o percebemos depois que alguém o fez antes de nós. Quando vamos tomar a dianteira, e sermos nós a surpreendermos os outros, levantando o véu da apatia que cobre os nossos olhos e resgatar a magia da descoberta que possuíamos quando crianças?
Estamos tão acostumados ao ambiente que ele se torna apenas o cenário onde representamos os papéis que a sociedade nos impõe, ao invés de sermos os diretores e protagonistas da nossa história, vendo e criando arte em cada detalhe de nossa existência.  Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia .







      Ví no altamente recomendável O que vem á rede.
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