As esculturas de Gilbert Legrand são aquele tipo de arte difícil de se explicar ou definir. Apesar de extremamente simples em sua execução, é na criatividade que o artista se apóia para criar esculturas nos objetos do cotidiano. Sua arte tem clara influência da ilustração e dos desenhos animados, não que isto seja demérito, muito pelo contrário, criou uma obra simpática, jovial e bem humorada.
Esta criatividade que sobra em Legrand muitas vezes nos falta, não conseguimos ver as boas idéias até que alguém as tenha,e então ficamos surpresos: Como é que eu não pensei nisto antes?
Pouco á pouco vamos perdendo a imaginação. Já não vemos mais formas nas nuvens, já não vemos nem as nuvens, sempre cabisbaixos e apressados. Toda a nossa força criativa acaba sendo sugada pelo cotidiano opressivo.
Quem fomentou a discussão deste tema no âmbito acadêmico foi Vânia Vieira(guardem este nome), que com sua pesquisa trouxe estas questões á tona, ao inverter os papéis entre forma e significado, trazendo as nuvens ao chão, e alçando as formas para o ar, de modo que o espectador se confrontasse com as suas próprias associações. A percepção que Vânia tem sobre o processo da perda da imaginação é emblemática:
"Temos a necessidade de relacionar, conhecer, dominar. Esses conceitos são necessários e inerentes à condição humana. Em contrapartida quanto maior o refinamento dessas relações, maior é a distancia entre as elas e aquelas mais puras, inocentes, desprovidas de um significado mais primário e, consequentemente mais sintético e objetivo. Nossas relações são tão aprimoradas que, muitas vezes, deixamos passar o óbvio. Quando buscamos explicações mais complexas, deixamos de ver e de perceber o básico, o essencial."
Legrand não deixou o de perceber o óbvio, e, como o ovo de Colombo, nós só o percebemos depois que alguém o fez antes de nós. Quando vamos tomar a dianteira, e sermos nós a surpreendermos os outros, levantando o véu da apatia que cobre os nossos olhos e resgatar a magia da descoberta que possuíamos quando crianças?
Estamos tão acostumados ao ambiente que ele se torna apenas o cenário onde representamos os papéis que a sociedade nos impõe, ao invés de sermos os diretores e protagonistas da nossa história, vendo e criando arte em cada detalhe de nossa existência. Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia .
Ví no altamente recomendável O que vem á rede.
Mais de criatividade: Como a criatividade funciona? , Imaginação e Criatividade sem limites
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