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terça-feira, 3 de maio de 2011

Processo de produção de imagem utilizando o software Gimp

Este é o texto com as reflexões sobre o processo de produção de uma imagem fotográfica manipulada com o software Gimp:


                                               Informática e Ensino da Arte

                                         Profa.Cláudia Zamboni de Almeida

                                              Aluno: Paulo Denílson Prusch

                                                    Processo de produção



O conceito

Ao receber a proposta deste trabalho, e analisar as imagens que nos foram dadas como referência, o primeiro conceito que me veio á mente foi explorar a multiplicidade de caminhos e escolhas que a vida nos oferece. Porem este é um conceito amplo e difícil de ser expresso, de modo que decidi pesquisar imagens que me auxiliassem nesta construção. Um tema que se tornou recorrente em minhas pesquisas foram as imagens de caminhos, literais ou metafóricos, e que representavam para mim as constantes escolhas, dúvidas, medo e insegurança com que trilhamos tais caminhos.

 Durante o amadurecimento da idéia, experimentei diversas maneiras de expressá-la, representando-a como níveis -com altos e baixos- ou como um labirinto, um emaranhado de possibilidades que se entrecruzam, mas que ao tomá-las você não sabe se elas o levarão ao seu objetivo, ou á um caminho sem saída.

 Á medida que o trabalho evoluía, percebi que havia muitos conceitos para serem trabalhados em apenas uma imagem, gerando certa confusão, tanto conceitual quanto formal. Este excesso de informações foi sendo gradualmente refinado, até que cheguei à imagem de um caminho único, á princípio bifurcado, representando ainda as possibilidades, sendo posteriormente substituído por um caminho retilíneo, afinal após definirmos um rumo para a nossa vida é por ele que seguiremos, embora as incertezas e possibilidades estejam ainda representadas pela duplicação da figura que segue pelo caminho, dividida, desfocada, cada metade olhando para um lado, para uma possibilidade. A figura é apenas sugerida, ela não faz parte do caminho, apenas passa por ele, quase invisível para os outros que o trilharem.

A imagem

A imagem sugere um caminho, ascendente, que se inicia amplo e claro, representando uma área segura, conhecida. Progressivamente o caminho se torna mais escuro e claustrofóbico, com sucessivas molduras produzidas pela sobreposição das sombras da arvores, delimitando o trajeto e conduzindo ao objetivo final -obscurecido pelas sombras- não é possível vê-lo, apenas a parte mais próxima do caminho é visível, e mesmo assim para chegar até ela se faz necessário abandonar a zona de conforto, conhecida, iluminada e mergulhar no escuro desconhecido. O piso é ornado com os losangos formados pelas sombras sobrepostas das árvores, gerando um padrão regular e harmônico.

O forte contraste dos troncos das arvores dá ao caminho um ar etéreo, metafísico, lembrando-me as obras de De Chirico, acentuado ainda mais pelas figuras formadas pelo cruzamento dos seus galhos, seres fantásticos que surgem para assombrar o caminho, mas assim como na foto, eles são tão reais quanto você quiser que eles sejam. A cada vez que vejo a imagem, faço uma nova associação: as vezes me lembra uma igreja gótica, em outras um castelo medieval, ou ainda um sonho claustrofóbico e surreal, em que você fica preso ao mesmo lugar e não consegue chegar nunca ao seu objetivo, por mais que tente.  

Creio que foi isto que me agradou nesta foto, ela possibilita várias interpretações, existem elementos distribuídos por toda a imagem que podem ser analisados em conjunto ou separados, lembrando as pinturas renascentistas, com suas mensagens implícitas, permitindo leituras diversas, de acordo com a parte da obra que você analisa, mas sempre mantendo coerência com o todo.

Decidi dar á imagem o nome de ‘Mergulho’, por causa dos questionamentos que a sua produção me obrigou a fazer, aprofundando-me cada vez mais nas subjetividades conceituais que tentei expressar neste trabalho, a tal ponto que eu consigo identificá-las uma a uma na obra final, embora eu não creia que tenha talento bastante para isto, acredito que seja apenas a minha própria subjetividade que veio á tona e que vejo refletida na obra.   

Recursos utilizados

     Ao longo do processo experimentei diversas possibilidades, filtros, desfoques, transparências, recursos que progressivamente fui descartando, por considerar que produziam uma imagem muito carregada de efeitos, artificial, e ao mesmo tempo pobre de significado, ao menos para mim. Durante esta filtragem alguns elementos foram sendo mantidos, como a figura humana, que desde o primeiro momento eu quis manter dividida e desfocada. Procurei obter este efeito de várias maneiras até chegar ao resultado final. Para o isto, utilizei a figura, que foi selecionada e copiada de outra foto, na qual apliquei um desfoque de movimento horizontal e um vertical, seguido da cópia da figura, a qual foi espelhada horizontalmente, e após foi sobreposta parcialmente sobre a primeira figura, o que gerou um efeito de divisão. Esta divisão foi realçada pelos desfoques que fazem cada metade da figura parecer seguir por uma direção distinta, mas sem se desligar completamente da figura central. Esta figura foi aplicada sobre diversos fundos, sempre em transparência, em torno de 40%, para realçar a transitoriedade da sua presença em um ponto específico do caminho, alem de destacar o fato de que este caminho não pertence á ela, que apenas transita por ele.

     A imagem do plano de fundo também passou por várias tentativas, até que escolhi a imagem da trilha, com a simetria vertical do tronco das arvores, e as linhas diagonais da sombra das mesmas formando uma composição que me agradou. Segui com esta imagem um procedimento semelhante ao que fiz na figura humana, mas por motivos diversos: enquanto na figura quis acentuar a divisão, no fundo quis sobrepor as linhas verticais formadas pelas arvores, gerando uma nova simetria, acentuada pelos losangos gerados pelo cruzamento das sombras diagonais das mesmas, produzindo um interessante efeito no piso. Para isto utilizei uma foto com o mesmo fundo da que retirei a figura humana, para não ter que reconstruir uma parte da imagem. Copiei-a, colei como camadas, e espelhei horizontalmente, com uma transparência de 50%. Após combinar as camadas realcei o contraste com a ferramenta níveis e colei a figura humana com transparência de 40%. Ajustei as cores e a luminosidade com a ferramenta matiz e saturação, dessaturando a imagem e escurecendo-a levemente, conseguindo neste momento um resultado que considerei expressar o conceito que norteou este trabalho.


Reflexões sobre o processo de produção

Durante o processo de produção, após definir o caminho á seguir, persisti nele até o final, Embora isto tenha feito com que eu produzisse algumas dezenas de imagens até alcançar um resultado que me satisfizesse. Neste percurso foi impossível não me questionar se eu estava sendo persistente, ou apenas teimoso. Creio que teimosia seria permanecer tentando a mesma abordagem até o final, o que fiz foi tentar diversas abordagens para uma mesma imagem, produzir diversas imagens para expressar um mesmo conceito, reavaliar e repensar várias vezes um mesmo conceito, até chegar ao essencial. 

Embora o processo conduzido desta maneira tenha sido relativamente longo e cansativo, foi também bastante produtivo, pois só desistia de uma abordagem do tema após experimentar diversas ferramentas e possibilidades, ampliando assim, consideravelmente o meu conhecimento das possibilidades do programa.

Anexos:

Anexo 1: imagem original utilizada na produção.


       Anexo 2: imagem manipulada, resultado final.